O Juiz da Beira (2021)




Gil Vicente é um vulto maior do teatro europeu do início do século XVI como o afirmam estudos académicos portugueses e mundiais. É o fundador e o maior dramaturgo da História do teatro português. Pode e deve ser divulgado, com especial atenção para o público jovem escolarizado.
Feita predominantemente na e para a Corte, parte significativa da obra de Gil Vicente encerra, todavia, características de um teatro de acentuada raiz popular. É dever de uma companhia com as características do Teatro do Mira, faz parte da sua indeclinável missão cultural, abordar, divulgar, interpelar a obra de Gil Vicente, como a maioria das congéneres espanholas, francesas ou inglesas abordam, divulgam e interpelam Cervantes, Molière e Shakespeare.
Reatar com o teatro medieval, já abordado em anteriores produções da Companhia, em contacto estreito com as comunidades urbanas e rurais da região, e, sobretudo, libertar a obra de Gil Vicente da camada de poeira toda feita de preconceito que faz dele historicamente um autor “difícil”, sobretudo junto das camadas jovens que deverão ser os primeiros a descobrir os encantos, a alegria,a graça duma dramaturgia que faz pontes com a atualidade, seja ela a dos tribunais ou a do confronto entre elites e povo, entre “Terreiro do Paço” e “interior”.
“diz o Autor que este Pero Marques, como foi casado com Inês Pereira, se foram morar onde ele tinha sua fazenda, que era lá na Beira onde o fizeram Juiz. E porque dava algumas sentenças disformes por ser homem simples, foi chamado à Corte, e mandaram-lhe que fizesse uma audiência diante d’El-Rei...” E foi diante d’El-Rei que a farsa O Juiz da Beira foi representada, fará quinhentos anos em 2025. Hoje haverá por aí juízes a merecerem ser chamados “à corte” para exame.
Mas não é por aí que vamos. Nem nos interessa remexer no tema da “justiça de rede social”, tão na ordem do dia a propósito de casos famosos, grandes e pequenos. Queremos, isso sim, deixar para reflexão o lugar do senso comum, do sentido mais elementar de justiça, na regulação da nossa vida em comum.
Com gargalhadas, com disparates, com um burro a ser chamado a depor em tribunal e com bailes e cantigas. Com a esta nova criação, prevemos a realização de espectáculos, em espaços interiores e exteriores, com oferta alargada ao público das Escolas Secundárias.
Os espectáculos apresentados em espaço exterior, jardim ou praça, por exemplo, têm que ser realizados em horário noturno devido aos requisitos de iluminação do espectáculo.
Elenco:
Rui Pisco | Helena Macedo | Marco Quintino | Nuno Góis | Carina Guerreira | Leonel Parreira | João Parreira | Rui Santos
Ficha Técnica:
Encenação: Luís Varela |Cenografia e Figurinos: Gonçalo Condeixa | Coordenação Musical: Rui Pisco | Luz e Som: Paulo Vargues | Design Catarina Pisco | Costureiras: Filomena Noválio, Isabel Mariani, Otília Nobre Lourenço |Produção: Paula Coelho
Agredicimentos: Senhora Professor Manuel morais pela cedência da música "Vamos ver as Sintrãs"
Apoios:






Casa do Povo de Vila Nova de Milfontes