Os Assassinos da Carvoeira (2020)

No cumprimento de uma das linhas programáticas do Teatro do Mira, projecto de descentralização que nasce da necessidade de reunir esforços e dar continuidade a um projecto teatral, uma estrutura profissional, capaz de percorrer o vasto concelho e, através de práticas teatrais, contribuir para quebrar o isolamento num território tão vasto e disperso e assim participar activamente na construção de comunidades mais resilientes.

O espetáculo a apresentar insere-se num projeto maior que implica visitar os clássicos do teatro, nomeadamente o circuito das comédias e dos espetáculos itinerantes, ideais para apresentação em espaços alternativos, privilegiando os contactos de proximidade com as associações e as forças vivas institucionais e informais em cada localidade.

 

De salientar que o concelho de Odemira só conta com uma sala de teatro, o cineteatro Camacho Costa. Procura a afirmação estética de um teatro físico e pobre onde o actor é peça fundamental para a sua existência itinerante.

 

Este pequeno folie- vaudeville destina-se em primeiro lugar a um circuito de itinerância por todas as freguesias do concelho de Odemira, em espaços fechados e em espaços ao ar livre. É o que se chama um espectáculo de estrado, adaptável a espaços mais ou menos convencionais nos diferentes contextos locais.

Abordamos desta feita um dos mais importantes autores do teatro de divertimento francês da segunda metade do século XIX, expoente máximo duma forma teatral muito popular na capital e na província, misturando a perfeição de uma intriga louca, quase do absurdo, com o traço grosso e os gestos rasgados e excessivos da "velha" farsa e as interrupções da acção com canções entoadas pelos actores sobre melodias (aqui de criação original) na "moda": o vaudeville, aqui no sub-género do folie-vaudeville, sustentado por uma orientação intelectual/cultural de rigor e de matriz popular.